Daniel Chapo: “A Sasol tinha de perceber Que é um parceiro estratégico”
Gilberto Guibunda
– Em Fevereiro 2018 o Governador foi muito directo em relação à actuação da Sasol na província. Fazia sentido naquela altura?
– Fala-se da exportação de gás do Rovuma, que é extremamente importante, mas a província de Inhambane é a primeira a exportar o gás ao nível do país. Esta exportação vem trazendo divisas ao país há mais de 20 anos a partir de Inhambane e esta foi a nossa visão ao termos sentado em 2018 com a Sasol e fazer-lhes perceber que precisavam de ser parceiros estratégicos no desenvolvimento da província de Inhambane.
É um assunto que preocupou muita gente e muitos ficaram admirados por que um dirigente àquele nível fazia esta abordagem, mas ao INHAMBANENSE eu posso dizer que isto resulta da nossa humilde experiência de ter trabalhado com mega-projectos em Tete, em Nacala e Palma. Portanto, saímos de Palma para a província de Inhambane. Nestes locais por onde passamos sempre lidámos com os mega-projectos e sempre sentíamos que eram verdadeiros parceiros do desenvolvimento local. E quando chegámos aqui em Inhambane, em 2016, levámos dois anos a tentar perceber o que estava a acontecer e no fim fizemos aquela abordagem pública em Fevereiro de 2018 [n.d.r. Nós perdemos a confiança com a SASOL. Tivemos várias promessas que nos fizeram perder tempo. Mas eles continuam a dizer que vão apoiar e estamos a espera] de que realmente não era um parceiro de desenvolvimento.
– Das relações tremidas hoje a abordagem é diferente…
– Agora mudou a abordagem e mesmo por este facto não podemos categoricamente dizer que são a 100% estes parceiros de desenvolvimento, mas comparativamente àquilo que vinha acontecendo sentimos que a relação melhorou bastante. A título de exemplo, sabemos e muito bem que o Presidente da República, no dia 22 de Novembro último, esteve em Inhassoro a inaugurar aquele que é, quiçá, o mais moderno centro de formação técnico-profissional de Inhassoro. Este centro é para nós extremamente importante para a formação de jovens locais, não só de Inhassoro, Govuro, Vilankulo, Funhalouro ou Mabote, mas da província toda, da região Sul ou do país no geral. Achamos que foi, e é um contributo importante, o que não vinha acontecendo já há bastante tempo. Podemos destacar igualmente o abastecimento de água na vila-sede do distrito de Inhassoro e vários outros projectos que são importantes para aquela região e da província no geral.
Temos uma Sasol que já entrou no patrocínio da área desportiva e continuamos a conversar com eles para que possam fazer mais. Financiaram os festivais de Tofo e de Timbila e acreditamos que ainda podem apoiar mais coisas que têm a ver concretamente com a província de Inhambane.
Estão agora a patrocinar o Campeonato Nacional de Basquetebol feminino, a Liga Sasol, mas nós queremos uma abordagem para apoiarem na maximização do basquetebol feminino e não só, na província para que Inhambane participe num ‘Nacional’ com uma equipa que dignifique a província. Esta é a abordagem que estamos a fazer eles.
– A Sasol também intervenciona os assuntos sociais e do grande projecto sobre a energia eléctrica…
– Apesar de ser uma área não adstrita ao Conselho Executivo Provincial resultante da descentralização, é importante, contudo, referenciar a Sasol, que estamos a trabalhar muito com eles, sobretudo no que toca à responsabilidade social e corporativa, incluímos o abastecimento de água, a expansão da rede eléctrica, geração de renda, entre outros aspectos importantes.
É importante dizer que o Presidente da República, Filipe Nyusi, esteve em Março último, em Temane, para fazer o lançamento da primeira pedra para três projectos extremamente importantes para a província e para o país. O primeiro é a construção da Central Térmica de Temane (CTT), de 450 megawatts, o que em termos de produção de energia está acima só a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). As obras estão a decorrer em Temane. Temos também o projecto de expansão do gás, e o terceiro projecto que é de expansão da energia elétrica da CTT para Grande Maputo como também para África do Sul. São projectos que estão orçados em cerca de 1.5 biliões de dólares americanos, que vão criar cerca de três mil a cinco mil empregos directos e indiretos, sendo um dos maiores desafios que nós temos como província de Inhambane para implementar este projecto sem sobressalto.
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